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sábado, 1 de maio de 2010

DISCIPLINA...UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL

Tenho visto a repercussão das ações de medidas socioeducativas empreendidas pelo Promotor de Justiça, o Dr Sérgio Fernando Harfouche. Estas consistem em diante de uma ação de indisciplina ou violência do aluno no âmbito da escola em relação ao colega ou ao professor, o mesmo é responsabilizado por elas e deve cumprir algumas medidas disciplinares determinadas pela direção a partir de um aconselhamento com o promotor e em comum acordo com os pais. Estes por sua vez já foram participados dessas ações por meio de reuniões promovidas na escola juntamente com o promotor. As medidas aplicadas referem-se a pequenos trabalhos na própria escola como, lavar as canecas do lanche, limpar a areia do parquinho, lavar a quadra, etc. Essas ações tiveram início em abril de 2009 num evento na Assembléia Legislativa onde Sérgio Harfouche apresentou um plano de ação a diretores e coordenadores pedagógicos com o objetivo de mudar a realidade da maioria das escolas de Mato Grosso do Sul, nas quais se observam gritos, desrespeito, intimidação e ameaças, danos ao patrimônio público e agressões físicas entre alunos e contra funcionários destes estabelecimentos de ensino.

Segundo a reportagem do Fantástico do dia 11/4/2010, são medidas que têm obtido resultados efetivos na diminuição dos índices de violência nas escolas. Num percentual de 60% de redução da violência nos três primeiros meses de aplicação.

Quero aqui externar a minha admiração por esse promotor, principalmente porque sua preocupação foi com ação preventiva e não somente com a execução das medidas, quando os adolescentes já estão em conflito com a lei. Mas, essa ação me leva a algumas reflexões...

A primeira reflexão que faço é a de que não seria também a própria aula uma das motivações à indisciplina?
Digo isso porque tenho presenciado aulas sem desafios nem descobertas; aulas que acontecem o tempo todo somente na sala e na própria escola; aulas em que copiar do quadro é a maior dificuldade empreendida pelo aluno; aula em que interpretar o texto se resume a responder questionários; aulas onde o professor prá conseguir a atenção dos alunos, bate no quadro, na mesa, grita, numa agressividade que anula qualquer ação participativa dos alunos; aulas de educação física que se resumem a futebol; aula em que o instrumento que mais se aproxima da tecnologia é o giz e o livro, e aqui não é porque os recursos tecnológicos são inexistentes na escola, não! Eles estão lá, mas a maioria dos professores é resistente a eles ou incompetentes para lidar com eles. Vejo a cultura jovem com excesso de informação e pouco conhecimento, extremamente ligado à imagem principalmente àquelas que apelam para emoções fortes como velocidade e violência. O professor tem que se aproximar dessas tecnologias sob pena de não cumprir seu papel de articular a cultura elaborada com a cultura experiencial dos alunos, se negar isso, a escola deixa de ser escola.

Outra reflexão que me faço é se a violência acontece somente nas escolas públicas ou se somente são evidenciadas nas escolas públicas? Será que o professor é só desrespeitado nesse âmbito escolar? Será que a agressão ao colega, o bullyng, acontece somente nas escolas públicas? Será que o compromisso de formação de “melhores cidadãos” é somente da escola pública?
É curioso como as ações de diversas instituições, sejam governamentais ou não, são somente para a classe baixa sob a égide do “risco social”. Eu considero em risco social todo jovem cujos pais lhe dão mesada e nem ao menos verificam com o que foi gasto; ou ainda os deixam na porta do shopping sem ao menos conhecerem seus amigos; e tem também àqueles que com acesso irrestrito à internet não saem de casa e seus pais nem ao menos imaginam qual a concepção de mundo que esse jovem está formando; existem àqueles que emprestam os carros dos pais e sob efeito do álcool cometem irresponsabilidades, inclusive homicídios e não são responsabilizados pelos seus atos até porque na maioria das vezes são filhos de juízes, políticos, desembargadores... Isso na minha concepção é risco social. Quem cuidará desses jovens?

A última reflexão a que me proponho é sobre como que esse plano de ação tem sido socializado com os pais pelos diretores das escolas. Alguns diretores estão gerindo sua escola, de forma arbitrária e desnecessária, mas dizem estarem embasados na fala do Promotor. Por ex: o aluno que chega atrasado terá que varrer o pátio da escola. Ora às vezes a causa pode ser o atraso do ônibus, dos pais, etc. Se o jovem depende dos ais para chegarem a escola e estes se atrasaram a quem cabe a medida disciplinar? Não penso que essa medida disciplinar ajudaria na formação de melhores cidadãos. O desconhecimento dos alunos do Regimento Escolar, na maioria das vezes construídos sem a participação deles, também contribui para algumas ações arbitrárias dentro da escola. Por trás de atitudes disciplinares geralmente se escondem os esquemas “autoritários” que regem muitas vezes nossa sociedade. É importante delinear o conceito de disciplina nesse âmbito em que ela está sendo exigida, a Escola.

Quero aqui citar Celso Antunes, quando sugere um conceito mais amável de disciplina como, por exemplo, Disciplina é uma relação de afeto e respeito, uma ação recíproca de cumprimento de normas". O autor afirma que o início dessa construção deve se manifestar por meio de um acordo entre alunos e professores, algo como um "contrato" em que ambas as partes discutem e constroem seu papel e sabem como acatar sanções na eventualidade de um descumprimento. Assim, conclui o autor:

quando os professores de uma unidade escolar sentam-se com seus alunos e desconstroem e sabem reconstruir a plenitude da significação e dos tipos de disciplina, não apenas a aula corre mais facilmente e a aprendizagem se concretiza de maneira mais saborosa como estudantes e mestres descobrem que, reconhecendo a disciplina como ferramenta essencial às relações interpessoais, aprendem autonomia, exercitam a firmeza e conseguem, com mais dignidade, construir o caráter.


Dessa forma trago estas reflexões acerca das ações empreendidas nas escolas, com a intenção de contribuir na construção da disciplina nesse espaço tão importante na vida do jovem.

Referências
(http://www.hojems.com.br)
http://rmtonline.globo.com/addons/video_player.asp?em=3&v=18432
ANTUNES,Celso. Qual disciplina deseja quem reclama da indisciplina? Disponível em: http://www.educacional.com.br/articulistas/celso_bd.asp?codtexto=613 acesso em 20/04/2010.
Imagem disponível em: http://fotos.sapo.pt/rqwiAf00CyqU8kyH7c1C/s320x240

CONVERSA DE CRIANÇA

Quando meu filho tinha três aninhos, no caminho da escola ele me perguntou:
_ Mãe, o que é violência?

Eu fiquei pensando na melhor forma de conceituar a violência para aquele pequeno ser. Respondi:
_Tudo que é contra a vida, é violência.

Ele ficou pensativo e então me veio com essa:
_Mas...os Power Rangers são do bem e...matam!

Ora, que belíssima conclusão!!

Nesse momento percebi o quão importante é a presença dos pais na orientação dos conceitos que as crianças formam via inocentes desenhos infantis. Naquele momento perguntei-lhe se só por serem do bem os Power Rangers não estariam cometendo violência ao matar alguém;  Se eles eram tão poderosos, porque eles tinham que matar? Não haveria uma outra forma de controlar àqueles homens do mal?

Hoje vemos muitos jovens sem qualquer indício de humanidade e civilidade. Não respeitam o bem público e muito menos as pessoas. Atacam trabalhadores nos pontos de ônibus, botam fogo em índios, matam gays, picham muros, quebram orelhões, metrôs, entre outras coisas. Esse comportamento não é privilégio somente da classe pobre, mas de todas as classes sociais.

Não tenho dúvida que a ausência dos pais em momentos cruciais na formação desses jovens foram decisivos para que se tornassem o que são. Criança precisa de resposta às suas perguntas, precisa de parâmetros para estabelecer sua personalidade. E isso responsabilidade da família senão, outros o farão.

Às vezes o cansaço nos impede de dialogar com nossos filhos, e é tão simples e fácil vê-los quietinhos na frente da TV ou na NET, que esses meios de comunicação parecem  definitivamente inofensivos. Não percebemos as mensagens subliminares que são transmitidas aos nossos filhos via comercial de TV, desenhos, músicas. Muitos até acham bonitinho suas filhinhas dançando o “Créu”.

Nesse ponto sou a favor da radicalização. Manter a raiz. Raiz é aquilo que nos sustenta, e o que é isso senão os nossos valores? Na minha casa não se ouve esse tipo de música e a razão é esclarecida a todos. Alguns me dirão “não ouvem na sua casa, mas não adianta, na escola, na casa dos colegas, na rua, todos estão tocando”. Mas às vezes uma maioria significa que todos os tolos estão do mesmo lado.

Insisto e não tenho medo de radicalizar. Existem valores que não admitem meio termo. Me sentiria orgulhosa se meus filhos se tornassem agentes de transformação e não tão somente massa de manobra, que consome tudo o que a mídia produz sem reflexão alguma. Pais... façam a sua parte, percam tempo com seus filhos!!

O PROFESSOR E AS TECNOLOGIAS

O fato de estar numa Secretaria de Educação me oportuniza o contato com muitos professores e uma visão do todo. Reconheço que as particularidades nem sempre chegam a nós, e aí gostaria de citar Carlos Queiróz que traduz um pouco esse momento: "ver as coisas por fora é fácil e vão, por dentro das coisas é que as coisas são”. Mas, tenho o cuidado também de estar ‘por dentro das coisas’ para não ser injusta com ninguém.

Ainda outro dia, conversando com vários professores de diversas áreas, perguntei-lhes suas opiniões sobre as tecnologias e como eles lançariam mão desses recursos nas aulas. Os poucos que me sugeriram algo se referiram apenas ao computador.

O jovem de hoje é um jovem com forte relação com tecnologia e os diversos tipos de mídias, haja vista o número de jovens que possuem, Mp3, Mp4, celurar, notbook, Play Station 1,2,3, Nintendo Wi, entre outros. E aqueles que não os possuem podem se aproximar dessa tecnologia por algo em torno de R$ 1,00 a hora num cyber.

Vejo então uma necessidade de trazer esses recursos prá nossas aulas. Hoje pelo menos cinco alunos de uma sala têm Mp4; será que o professor já teve a curiosidade de saber o que se faz com um Mp4? Será que ele sabe que é possível gravar som com esse aparelho tão simples? Um aluno, por exemplo, não poderia recitar uma poesia para o outro gravar sua voz e depois analisar com o professor esse trabalho? Postar no blog da escola; construir um movie maker com imagens selecionadas por eles e a gravação no fundo? Postar esse vídeo no youtube?
Com o celular então, há uma infinidade de possibilidades de trabalho com os recursos que ele oferece, principalmente no que se refere a imagens.

Vejo a cultura jovem com excesso de informação e pouco conhecimento, extremamente ligado à imagem principalmente àquelas que apelam para emoções fortes como velocidade e violência.

Temos que nos aproximarmos dessas tecnologias sob pena de não cumprirmos nosso papel de articular a cultura elaborada com a cultura experiencial dos alunos, se negarmos isso, deixamos de ser escola.

E na Educação Física, como usaríamos esses recursos?